segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Contratos


Esses dias conversava com uma amiga (Mari, querida) sobre os contratos que firmamos em nossos relacionamentos. Não falávamos daqueles redigidos e anunciados, mas sim daqueles implícitos, aqueles em que as partes agem de determinada maneira, ou assumem diferentes funções ou papéis, sem mesmo terem conversado e/ou exposto o que pensam e sentem sobre tal assunto.

Falávamos dos maridos e da dinâmica dos nosso relacionamentos.
Durante a conversa me lembrei de um monologo – A Alma Imoral - que assisti tempos atras em que a atriz abordava este assunto. Falava sobre os tais contratos e como o desacordo de uma das partes em relação a estes (não) contratos podem ocasionar uma crise no relacionamento. Quando um decide agir de forma diferente da (não) estipulada a outra parte se sente traída de alguma maneira.

Depois que a Mari saiu de casa fiquei pensando em quantos contratos firmamos com nossas crianças e o quanto elas confiam e dependem do cumprimento destes contratos, alguns com menos importância que outros.
Acontece, porem, que relacionamentos são vivos e nada permanece (principalmente com esses seres que crescem e mudam em velocidade astronômica). A maneira que agimos hoje pode já não ser a melhor amanhã, e ao lidar com esses pequenos a coisa se torne mais dinâmica ainda. Logo, a todo momento mudamos os contratos e eles ficam ali, resistentes a estas mudanças, afinal, agora que tava tudo dando certo, né?

"Ontem minha mãe me dava de mamar antes de dormir (e eu dormia no peito), hoje ela me dá papinha e quer que eu durma sozinho, no breço??? Traição!!!"

"Antes eles comemoravam quando eu arrotava e agora me dizem que isso não se faz??"

Enfim, são muitos os exemplos, alguns mais banais que outros e aprender a lidar com essas frustrações é parte importante do crescimento de nossos filhos.
Difícil mesmo é não ceder (ou se unir) aos apelos, lagrimas e soluços desses pequenos tão "traídos".

E você? Sente culpa ao romper com estes contratos com seus filhos?

2 comentários:

  1. Ana Luisa C. de Mendonça5 de agosto de 2013 às 10:55

    Adorei, Ligia. Como sempre, vc escreve bem e toca em assuntos muito importantes com delicadeza. Vejo que os pais sofrem mais que os filhos para sustentar as mudanças e acabam usando subterfúgios para evitarem assumir isto, " já tentei( seja o que for), mas ela (a criança) continua (seja o que for)". Falta coragem de assumir o papel de educar que, muitas vezes implica em ensinar a enfrentar e superar frustrações e mudanças. Gostaria que todos os pais lessem o que vc colocou e pensassem nisso, sem resistências.

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  2. Com o Léo crescendo rapidamente vira e mexe me pego pensando nisso... ontem mesmo ele deu um choramingo no berço e ficamos esperando antes de atender - antes era um barulhinho e lá estavam papai e mamãe preocupado com o que ele tinha... não consigo deixar chorando, mesmo que não atenda imediatamente a qualquer resmungo justamente porque penso nesta "traição" mas explico que nem sempre será como ele quer... embora já tenha sido. Complicada mesmo esta questão...

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