Quando eu engravidei da Oli a decisão
de deixar de trabalhar por um tempo foi fácil. Eu mudava de cidade e
por isso pedia demissão. Daí a esperar uns meses a mais antes de
recomeçar foi um pulo. Voltei a trabalhar quando ela estava prestes
a completar um ano.
Ela estava naquela fase de andar se
pendurando nos dedos das pessoas, se segurando na mesa, sofá... Um
dia minha mãe e minha sogra estavam em casa, e ao voltar do
trabalho, ainda no carro com o Adri, ele me contou:
- A Oli andou!
Comecei a chorar. Sabia que não
poderia participar de todos os momentos da pequena, mas ainda assim
fiquei muito triste. Logo descobri que o andar que rolou naquele dia
foi um meio passo pra passar da mesa de centro ao sofá. Ainda
demorou mais de mês até que ela descobrisse que conseguia andar sem
nosso apoio. E eu estava lá naquele dia. (ufa!)
Quando engravidei do Manu não tinha
duvidas de que voltaria ao trabalho após o fim da licença. Mas a
verdade é que quando o pequeno estava em casa eu comecei a repensar
essa minha posição. Descobri também que estava pronta para iniciar
uma mudança na minha carreira, que vinha ensaiando há tempos. Além
de tudo teria que encontrar alguém para ajudar com o pequeno quando
eu não estivesse. Juntando tudo tomei a (desta vez difícil)
decisão. Nesta nova etapa terei horário mais flexíveis (pelo menos
a principio) e vou poder curtir bastante esses pequenos.
Há dias vejo a Oli ensaiando um pulo.
Ela queria saltar e tirar os dois pés do chão ao mesmo tempo. Não
sei da onde veio essa vontade, só sei
que ela parava em frente ao espelho e pulava, pulava. Usava os braços
para dar impulso, desequilibrava, pisava para frente e nada de
conseguir. Não desistiu.
A cada boa noticia (“Oli, vamos
ver a vovó?”) ela comemorava com esse pulo meio torto e procurava
um espelho, janela, em que pudesse se ver.
Ontem ela conseguiu.
Combinamos de fazer muffins para a
festa junina da escola e ela se pôs a pular. A cada pulo parecia que
o chão ia furar, tamanha a força que ela usava, fazia um barulhão.
E ela ria vendo seu reflexo no armário da cozinha.
Foi uma delicia. A felicidade e o
orgulho pelo feito estampados em um sorrisão lindo.
Sei que não posso (e nem devo)
acompanhar todas as conquistas deles, mas poder ver esses baixinhos
crescendo e se descobrindo é de uma riqueza tão grande que uns
dias, ou meses, sem um trabalho de carteira assinada são
extremamente gratificantes.
E você? Deixou o trabalho, voltou?
Como foi?