Uma maluquete, que
acabava com as nossas plantas, chinelos e o que mais achasse pela
frente.
No começo do mês a Maui
se sentiu mal e acabamos perdendo essa queridona. Foram 2 anos nos
acompanhando e crescendo junto com a Oli.
A Oli acompanhou o
processo de ir e vir do veterinário e, ligada como é, percebeu que
a coisa era séria. O fato é que, quando a Maui morreu, eu fiquei
pensando em como explicar essa notícia para ela. Afinal, é
preciso ser sincero com os pequenos.
Mas que coisa mais
difícil de fazer!
Contei e aos poucos
vieram as perguntas, muitas, muitas. Propôs pegar a cola e consertar
o machucado, muitos porquês, e finalmente, quando realizou que a
Maui não ia voltar, um chorinho triste de “eu quero a Maui”. De
cortar o coração.
É incrível como a minha
(a nossa, acho) vontade foi de querer proteger a pequena dessa
realidade. Em nenhum momento pensei em mentir ou omitir o que havia
acontecido, afinal, acho importante a criança aprender desde cedo
que a vida tem começo e fim e a lidar com as frustrações.
O fato é que, depois de
muitas perguntas, falei para ela que a “luzinha” que era a Maui,
que vivia dentro do corpo dela, tinha ido embora, pra um lugar em que
o corpo dela não estava mais machucado ou doendo. Que ela estava
brincando com os nossos anjos da guarda.
De noite a Oli perguntou
de novo da Maui, da luzinha dela, e eu inventei uma história:
"Em um belo jardim, em
cima de uma folha de amoreira, tinha um ovo, bem pequenininho. De
repente esse ovo começou a se mexer e uma lagarta, bem pequenininha,
saiu dele. Pequenininha mas com uma fome gigante! Logo começou a
comer a casca do ovo e quando acabou caiu num choro sentido, de fome.
Passava por ali uma
lagarta mais velha que correu para ajudar:
- O que foi
pequenininha? Por que você tá chorando?
- To com fome –
respondeu a lagartinha.
A lagarta maior disse:
- Eu sou a Maui, vem
comigo que eu te mostro onde tem folhas deliciosas para você comer.
Daquele dia em diante a
lagartinha não largou mais a Maui. Maui ensinou tudo o que sabia
para a pequena: quais folhas eram as mais gostosas, como se esconder
dos passarinhos e da chuva, como se proteger do sol, mostrou bons
lugares para descansar...
O tempo passou e a
lagartinha cresceu. A Maui também. Virou uma lagartona gorda e cheia
de histórias para contar.
Em uma manhã nublada
Maui acordou se sentindo estranha. A lagartinha logo percebeu e bem
que tentou animar a amiga:
- Vamos até a
amoreira? As folhas estão mais verdes hoje!
Mas a Maui não estava
pra muito papo. Seguiram em silêncio até a amoreira e, enquanto a
pequena comia, Maui resolveu subir até o topo da árvore. Um tempo
depois a lagartinha foi atrás dela, mas quando chegou lá não
encontrou mais a amiga. No lugar tinha apenas um casulo.
A lagartinha ficou muito
preocupada e chamou todos que ela pode para tentar ajudar. O besouro,
que era muito sabido, disse:
- Agora a Maui se foi,
pequenina. Ela vai ficar aí dentro e daqui a um tempo ela vai para
o céu.
A lagartinha não
conseguia acreditar. Se foi? Pro céu? Como assim?
Todos os dias ela subia
até o alto da amoreira e ficava conversando com o casulo, tentando
animar a amiga para, quem sabe, convence-la a voltar.
Porém, numa bela manhã
de sol, ao subir até o casulo a lagartinha teve uma surpresa: ele
estava vazio!
A pequenina se pôs a
chorar. Então o besouro estava certo! Ela tinha ido embora!
O que a lagartinha não
sabia era que na verdade a Maui não tinha ido embora, ela continuava
ali, mas agora era uma linda borboleta. Acontece que as lagartas,
como a gente, não conseguem olhar para cima e por isso não veem as
luzinhas que voam por ali. Mas todos os dias a borboleta Maui ia até
a lagartinha, dava um beijo carinhoso e a pequenina sentia um calor
no coração."
E você? Já passou por essa situação ou semelhante? Como lidou?
PS: Acabamos indo até o canil de onde veio a Maui e nos apaixonamos por uma cachorrinha linda. O nome dela é Kauai e agora é assim que a lagartinha da história se chama. A Oli continua pedindo a história da luzinha e da borboleta, com enfase na parte que a Maui vira casulo (e eu fico engolindo o choro) e todas as manhãs diz que sonhou com ela.