sexta-feira, 10 de maio de 2013

Literatura para mães (e pais)


Ter filho é sentir o poder e a ignorância. Gravida da Oli fui a uma palestra da neurocientista Elvira Souza Lima e ela falava com encanto sobre como a formação de um feto é uma orquestra. Cada célula sabe o que deve fazer, o que deve se tornar. Realmente milagroso. E poderoso.
Mas ao mesmo tempo que aquele você gera uma vida, um dos (senão for O) atos mais poderosos, você não sabe. Não sabe como vai ser, como vai se virar, o que vai acontecer, quem você vai se tornar, quem é aquele ser... A gente simplesmente não sabe.
E vivemos na era da informação. Não saber é, no mínimo, aflitivo.
Então a gente (eu, pelo menos) busca. Busca livros, informações, técnicas, estilos de educar (depois quero falar disso também), e lê, conversa, discute, assiste, faz tudo pra tentar sentir que sabe, que está preparada.

Durante a gravidez eu li “Encantadora de Bebes resolve todos os seus problemas” de Tracy Hogg (ed. Manole) por indicação de uma amiga. Ela seguiu as dicas do livro e sua filha dormia 6 horas seguidas com 2 meses! Eu li, anotei, copiei, marquei páginas e me preparei. Já tinha claro que minha filha ia ter horários desde pequena, que eu ia me organizar, que não ia acostumar ela a dormir no colo, no peito, em movimento... ai ai. Dá até dó né?

A Oli nasceu e logo mostrou a que veio: cólicas mil, refluxo pesado, noites em claro e, claro, nenhuma rotina. E eu lutei, como lutei, pra tentar organizar, entender a lógica daquele ser que hora queria mamar de 3 em 3 horas, depois de 2 em 2...
Demorou pra eu me ligar que não existe rotina única para todos os bebês. E hoje parece tão óbvio! Como pode-se esperar que todos os bebes consigam entrar na mesma dinâmica de tempo, se cada ser é único?
Não digo que o livro não me ajudou. Ajudou sim. Graças a ele consegui identificar que o que fazia a Oli chorar tanto era refluxo, graças a ele que comecei a dar um peito até esvaziar e só depois oferecer o outro (na maternidade me disseram para dar 15 minutos um e 15 minutos o outro e não estava funcionando) e graças a essa leitura consegui visualizar (durante a gravidez) um pouco das mudanças que estavam por vir.

Quando ela tinha uns 4 meses li o “Nana Nene” de Eduard Sancho Estivill (ed. Martins Fontes) por indicação da mesma amiga que me indicou o “Encantadora”. Estava exausta e queria parar de ninar a Oli para dormir, queria que ela dormisse sozinha. Foi muito difícil decidir tentar a tecnica. Lia o livro e parecia claro, obvio e certeiro. Buscava na internet e lia relatos horrorosos, textos condenando o livro e motins contra o autor.
Acabamos por adaptar a técnica proposta para que conseguíssemos acostumar a Oli (mas foi bem sofrido a principio). Ainda assim a técnica do livro em ensinou a ouvir o choro do bebe (apesar de não estar escrito isso em nenhum lugar ali). Foi só deixando ela chorar que eu aprendi a identificar quando ela realmente estava precisando de um colo e quando ela podia passar sem eu me meter. Descobri que para dormir sozinha ela se ninava “cantando”, o que pra mim antes era um choro.

Depois que o Manu nasceu li o “Crianças Francesas não Fazem Manha” da Pamela Druckerman (ed. Fontanar) – como já comentei aqui – e a autora fala que os franceses fazem uma “pausa” antes de atender aos bebês. Lendo isso me dei conta que foi um pouco do que fizemos ao adaptar o “Nana Nene”. Às vezes só de esperar a Oli já voltava a dormir. O que parecia um choro (a principio) muitas vezes era uma reclamaçãozinha e ela voltava a dormir.
Me dei conta de que não estava fazendo isso com o Manu e aos poucos tenho tentado esperar para atender a seus chamados (ele divide quarto com a Oli, o que dificulta esse movimento), mas acho que isso tem ajudado o pequeno a pegar no sono sem precisarmos resgatar ele do berço todas as vezes que acorda (de madrugada o papo já é outro...).
Sinto que, com todas essas possibilidades de fontes de informação, pesquisas, para não mencionar os palpiteiros de plantão, muitas vezes nós esquecemos de parar e ouvir. Ouvir o bebe e ao nosso instinto, e por isso muitas vezes nos atropelam os na ânsia de fazer o certo.
Por isso, cada vez mais, tenho tentado filtrar essas diferentes opiniões que nos atingem atraves de livros, sites, revistas, amigos, blog (como eu no caso) que pretendem ajudar e acabam confundindo. Desse jeito dá pra tentar pegar o que se adequa a você e ao seu pequeno/a.

E você? Que livros(s) leu que te ajudaram a enfrentar a “batalha” que é educar?

Um comentário:

  1. Oi li!! Adorei seu post! Ler sempre é bom e nunca é demais ! Aprendemos e até fazemos escolhas do que queremos ou não pra nossa vida !! Eu dou risada quando leio essas coisas ( pode ser que um dia eu chore...kkk), fico imaginando a mãe tentando de tudo , lembrando do livro que leu, da dica do amigo, da conversa na sala de espera do médico .... Imagino que ser mãe e todas essas experiências deva ser a experiência mais gostosa e maluca do mundo, justamente por não ter receita pronta. Enquanto não chega a minha vez consigo ver graça e acho lindo demais tudo isso!! é uma doação sem limites! As mães enfrentam desafios novos a cada dia. Tentativas, erros e acertos em todos os momentos. Mas tudo passa e tudo vale a pena quando se faz por amor e com muito amor !!! Parabéns pelo dia das mães que acontece todo santo dia !!! E noite tbm.. Rs!!

    Obs: dei de presente pra minha irmã, a um bom tempo atras, um livro do Andre Trindade que achei muito bom! Chama "Gestos de cuidado, gestos de amor". É uma delicinha de ler, vale a pena!! Bjoss!

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