domingo, 6 de outubro de 2013

Água e Flexibilidade


Sábado, depois de um bom tempo, voltei pra água para velejar (para quem não sabe, eu moro na Ilhabela e pratico kitesurf, ou praticava, sei lá). Desde que o Manu nasceu (ele está com 10 meses e meio!) eu entrei uma vez só na água para uma caidinha rápida (e não velejei durante a gravidez). Até agora .
Foi uma delicia. Consegui relaxar, aproveitar e lembrar do barato que é este esporte. Enquanto estava na água pensei em muitas, mas muitas coisas. E a principal delas foi “flexibilidade”.

Essa semana conheci um grupo de mães e bebês muito legal. Um espaço para troca de experiências, conhecimentos e tudo aquilo que a maternidade traz consigo. E saí do encontro com essa palavra na cabeça, trazida por mim “sem querer”, apesar de não termos conversado objetivamente sobre isso.
Eu fico pensando que em tudo nesta vida é aprendizagem, e no começo, quando aprendemos uma coisa nova, temos a tendência a sermos rígidos: quando aprendemos a dirigir, o freio de mão é puxado na ladeira e a medida que "pegamos o jeito” deixamos ele de lado; ao aprendermos um novo esporte saímos doloridos e conforme “pegamos o jeito” descobrimos que nem todos aquele músculos são necessários, alguns, inclusive, podem ficar completamente relaxados durante a prática.
A maternidade também tem disso. Com o tempo “pegamos o jeito” e descobrimos onde dá pra relaxar, puxar um pouco mais ou menos, enfim, ter flexibilidade. E eu acho que já peguei bem o jeito. Não fico mais maluca se passa do horário de dormir, ou se o almoço do dia não for aquela maraviiilha...
Mas enquanto velejava me dei conta que a flexibilidade que senti que ainda faltava nessa minha rotina era comigo mesmo. Conseguir relaxar e deixar todo mundo na “espera” enquanto eu fazia algo para mim. E foi ótimo.
Obrigada meninas!
 
PS: De noite a Oli estava com o nariz entupido e dormiu super mal: pesadelos, choro e mais de uma hora acordada na madrugada. No dia seguinte, hoje, o Manu estava com o nariz escorrendo (meleca veeerde). Tudo graças ao vento que divertiu tanto a mamãe e eles ficaram tomando na cara enquanto ela se divertia. Deu um pouco de culpa, mas tudo bem né?

sábado, 28 de setembro de 2013

A educação alheia


Hoje, navegando na internet, li a chamada de uma reportagem “das estrelas” de que a atriz Mayim Bialik, havia se separado. Conhece ela?
Pois bem, Mayim ficou famosa quando era nova ao interpretar a “Blossom” em um seriado que foi bem famoso. Hoje ela é a Dra Amy no “The Big Bang Theory”. Mas não foi por isso que me chamou a atenção. Mayim também é doutora em neurociência e escreveu um livro sobre “attachment parentig”. Chama “Beyond the sling”.

Enfim, procurava informações sobre o livro e li que ela avisou no blog dela que estava se divorciando e declarava que isso nada tinha a ver com a (muitas vezes polêmica) maneira com que ela e o ex escolheram criar seus filhos. Fiquei pensando nessa declaração. Que triste, em meio a uma separação, ter que defender a maneira que ela escolheu para criar os filhos.
Há uns tempos assisti a um episódio dos “Simpsons” chamado “The day the earth stood cool”, em que o Homer faz amizade com um hippster e resolve que quer ser “cool”. Raspa os cabelos, muda o visual, começa a fazer programas diferentes (e “cool”) com os filhos... E no meio do caminho fica a Marge, que é julgada pelas mulheres do grupo por dar “baby formula” pra Maggie. Em uma cena ela diz qualquer coisa do gênero “que antes não tinha essa. Cada família criava seu filho. Hoje em dia você precisa escolher qual seu estilo de criação” (peço licença caso esteja errada. Procurei o episódio na net, mas não achei e sei que deve ter uma boa dose de interpretação minha aí).
Acho que a Marge está certa. Lembro de, na minha infância, pedir coisas para a minha mãe dizendo “Mas a mãe da fulana deixou” e minha mãe repondia: “Bom pra ela. Eu sou a sua mãe e eu não deixo.” (ou em casos mais extremos de ato falho “Azar o dela. Eu não deixo.”). E pronto. Discussão encerrada.

Fico pensando que, quando a gente se torna mãe, é inevitável “sofrer” com as dicas, conselhos e opiniões das pessoas mais próximas, mas vejo que cada dia mais se debate a criação dos filhos alheios. Não acredita? Leia qualquer reportagem que aborde o tema, pode ser em portais grandes ou em sites de revistas especializadas (tipo Crescer) e vá lá no rodapé para ler os comentários deixados pelos leitores. São, muitas vezes, cruéis. Isso quando não rola uma briga entre leitores comentadores!

Acho que um dos grandes trunfos da maternidade é a empatia. Sofremos quando nosso filhos sofrem. Quando alguém próximo dá à luz, pelo menos eu, sinto um carinho especial por aquela pessoa, aquele momento. E quando encontramos com outras mães trocamos figurinhas, dicas e desabafos. Mas sinto que, em meio a tantos “estilos” de educação, muitas vezes queremos nos convencer de que estamos fazendo o certo e ficamos intolerantes. Esquecemos de ter tolerância com a diversidade, condenamos o que não julgamos correto para as nossas casas e nossos pequenos sem conhecer a realidade e pensamento do outro.
E aí a pessoa se separa e precisa, logo de cara, explicar que a maneira que escolheu para criar os filhos não teve nada a ver. E daí? E se teve? Não vale reavaliar? Adotou a postura e precisa morrer nela?
Deus me livre. Já mudei tanto de opinião nos últimos 3 anos (porque na gravidez a gente já começa a rever tudo) e espero que continue mudando, assim sei que estou crescendo e aprendendo com o que já vivi (e errei) na companhia desses dois pequenos incríveis.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Contratos


Esses dias conversava com uma amiga (Mari, querida) sobre os contratos que firmamos em nossos relacionamentos. Não falávamos daqueles redigidos e anunciados, mas sim daqueles implícitos, aqueles em que as partes agem de determinada maneira, ou assumem diferentes funções ou papéis, sem mesmo terem conversado e/ou exposto o que pensam e sentem sobre tal assunto.

Falávamos dos maridos e da dinâmica dos nosso relacionamentos.
Durante a conversa me lembrei de um monologo – A Alma Imoral - que assisti tempos atras em que a atriz abordava este assunto. Falava sobre os tais contratos e como o desacordo de uma das partes em relação a estes (não) contratos podem ocasionar uma crise no relacionamento. Quando um decide agir de forma diferente da (não) estipulada a outra parte se sente traída de alguma maneira.

Depois que a Mari saiu de casa fiquei pensando em quantos contratos firmamos com nossas crianças e o quanto elas confiam e dependem do cumprimento destes contratos, alguns com menos importância que outros.
Acontece, porem, que relacionamentos são vivos e nada permanece (principalmente com esses seres que crescem e mudam em velocidade astronômica). A maneira que agimos hoje pode já não ser a melhor amanhã, e ao lidar com esses pequenos a coisa se torne mais dinâmica ainda. Logo, a todo momento mudamos os contratos e eles ficam ali, resistentes a estas mudanças, afinal, agora que tava tudo dando certo, né?

"Ontem minha mãe me dava de mamar antes de dormir (e eu dormia no peito), hoje ela me dá papinha e quer que eu durma sozinho, no breço??? Traição!!!"

"Antes eles comemoravam quando eu arrotava e agora me dizem que isso não se faz??"

Enfim, são muitos os exemplos, alguns mais banais que outros e aprender a lidar com essas frustrações é parte importante do crescimento de nossos filhos.
Difícil mesmo é não ceder (ou se unir) aos apelos, lagrimas e soluços desses pequenos tão "traídos".

E você? Sente culpa ao romper com estes contratos com seus filhos?

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Voltar ao trabalho?



Quando eu engravidei da Oli a decisão de deixar de trabalhar por um tempo foi fácil. Eu mudava de cidade e por isso pedia demissão. Daí a esperar uns meses a mais antes de recomeçar foi um pulo. Voltei a trabalhar quando ela estava prestes a completar um ano.
Ela estava naquela fase de andar se pendurando nos dedos das pessoas, se segurando na mesa, sofá... Um dia minha mãe e minha sogra estavam em casa, e ao voltar do trabalho, ainda no carro com o Adri, ele me contou:
- A Oli andou!

Comecei a chorar. Sabia que não poderia participar de todos os momentos da pequena, mas ainda assim fiquei muito triste. Logo descobri que o andar que rolou naquele dia foi um meio passo pra passar da mesa de centro ao sofá. Ainda demorou mais de mês até que ela descobrisse que conseguia andar sem nosso apoio. E eu estava lá naquele dia. (ufa!)

Quando engravidei do Manu não tinha duvidas de que voltaria ao trabalho após o fim da licença. Mas a verdade é que quando o pequeno estava em casa eu comecei a repensar essa minha posição. Descobri também que estava pronta para iniciar uma mudança na minha carreira, que vinha ensaiando há tempos. Além de tudo teria que encontrar alguém para ajudar com o pequeno quando eu não estivesse. Juntando tudo tomei a (desta vez difícil) decisão. Nesta nova etapa terei horário mais flexíveis (pelo menos a principio) e vou poder curtir bastante esses pequenos.

Há dias vejo a Oli ensaiando um pulo. Ela queria saltar e tirar os dois pés do chão ao mesmo tempo. Não sei da onde veio essa vontade, só sei que ela parava em frente ao espelho e pulava, pulava. Usava os braços para dar impulso, desequilibrava, pisava para frente e nada de conseguir. Não desistiu.
A cada boa noticia (“Oli, vamos ver a vovó?”) ela comemorava com esse pulo meio torto e procurava um espelho, janela, em que pudesse se ver.
Ontem ela conseguiu.
Combinamos de fazer muffins para a festa junina da escola e ela se pôs a pular. A cada pulo parecia que o chão ia furar, tamanha a força que ela usava, fazia um barulhão. E ela ria vendo seu reflexo no armário da cozinha.
Foi uma delicia. A felicidade e o orgulho pelo feito estampados em um sorrisão lindo.

Sei que não posso (e nem devo) acompanhar todas as conquistas deles, mas poder ver esses baixinhos crescendo e se descobrindo é de uma riqueza tão grande que uns dias, ou meses, sem um trabalho de carteira assinada são extremamente gratificantes.

E você? Deixou o trabalho, voltou? Como foi?

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Saudades prévias

Nessa rotina maluca, com o Manu dormindo no meu colo (nesse instante), lembrei desse "textinho" que fiz com a Oli bem pequena. Resolvi compartilhar:

"Quando a oli ainda tava na minha barriga eu olhava as roupas que ganhava para ela e achava todas muito pequenas, achava que nenhuma serviria.
Hoje, com ela aqui do meu lado, eu olho algumas dessas roupas e acho que ainda vai demorar até que ela as preencha...
Ao mesmo tempo tento vestir roupinhas que ela usou na maternidade e servem como a camiseta do hulk (depois da metamorfose)...
Nisso tenho a certeza de que o tempo ganhou uma outra base de medida, que voa e eu não vejo entre mamadas, trocas de fraldas, choros de colicas e olhos cada vez mais atentos ao mundo.  Fico presa entre a ansiedade de ver ela cada vez mais esperta (e interagindo mais) e a vontade de congelar tudo porque pressinto que um dia vou sentir falta dessa falta de sono e das descobertas diárias.... "

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Rotina (ou falta de)


Depois que virei mãe passei a detestar sair da rotina. Essas mudanças dificultam o sono, a alimentação e deixam os pequenos inseguros.

Desde que a Oli era pequena tentei implementar horários certos para diferentes momentos do dia, de maneira que ela sempre soubesse o que estava por vir. Assim os dias passavam mais tranquilamente (para nós duas).

Mas bastava uma saída para um restaurante, uma ida para São Paulo para enfrentarmos noites difíceis, com a baixinha requisitando a nossa atenção de tempos em tempos. Meu calcanhar de Aquiles são as noites mal dormidas, fico extremamente cansada e frustrada.



Quando a fase de mini bebe dela acabou eu comecei a reavaliar essa minha postura tão rígida. Será que essa minha falta de flexibilidade não intensificava a dificuldade dela de se adaptar às mudanças na rotina? Tentei, então, pegar mais leve, mas bem de leve.

Hora de dormir é sagrada, abro mão poucas vezes dela. É sendo firme em relação a isso que a acostumamos a dormir cedo e, consequentemente, temos tempo para o “casal”, sem crianças demandando a nossa atenção.



Minha obstetra é de São Paulo e foi lá que o Manu nasceu, por isso com 37 semanas de gravidez nos mudamos para a casa dos meus pais em Vinhedo. Tentei, ao máximo, estabelecer uma rotina para a Oli durante essas semanas. Colocamos ela em uma aula de natação, para que ela tivesse uma atividade fora de casa, já que não iria à escola e a adaptação foi relativamente boa (levemos em consideração que tinha um irmãozinho para chegar a qualquer momento).

Com a passagem dos dias ela começou a pedir para ir para casa.

Depois que ele nasceu ficamos por mais 10 dias e descemos a serra. A bichinha ficou feliz que nem pinto no lixo. Corria pela casa, abraçava os cachorros e comemorou a volta para a escola.



Me dei conta, então, que durante aquele (quase) um mês, não a localizei no tempo. Quando voltaríamos para casa. Hoje, revendo aquelas semanas, penso até que ela poderia não ter muita certeza desta volta, afinal tudo estava mudando.



Há 10 dias estamos em Vinhedo novamente. O Adri viajou e viemos passar esses dias com meus pais. Desta vez fui mais esperta (!) e bolei um “mini calendário” onde marcamos os acontecimentos importantes de cada dia e podemos contar quantos dias faltam para voltarmos para casa, escola e finalmente para a chegada do papai!

A Oli amou, o calendário já esta todo surrado e riscado. Até já dormiu na cama com ela!



Ainda assim a saída da rotina é sempre trabalhosa. A Oli esta testando todos os limites: da casa, dos avós e “re-testando” as minhas regras (afinal o papai está looonge, será que isso não muda as coisas?). E o Manu estranhou o berço (pelo menos a principio), está com 2 dentes nascendo e começamos a introduzir alimentos na sua dieta (!). O resultado são inúmeras chamadas no meio da noite, nariz escorrendo (tá frio né?) e uma mãe com lindas olheiras (ouvi dizer que olheira é o novo preto).

Assim como a Oli, que quando pega o calendário logo procura o dia em que “vamos entrar no carro e dirigir atééé a Ilhabela”, eu estou contando os dias para a volta à rotina (na verdade quero que chegue o dia em que eles estarão readaptados à nossa rotina...).

E você? Consegue sair da rotina com facilidade? Já criou algum "truque" para esses dias?

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Irmãos


Quando a Oli fez um ano decidimos começar a tentar o segundo filho. Queríamos que eles tivessem entre 2 e 3 anos de diferença, desse jeito brincariam muito juntos e a gente nem se acostumaria a acordar as 7 ou 8 da manhã pra criar coragem de começar tudo de novo. Achamos que valia a pena começar as tentativas, já que dizem que o segundo pode demorar um pouco, afinal a mãe está cansada e bla bla bla.
Um mês depois comecei a enjoar de manhã. Ainda esperei umas semanas porque podia ser da minha cabeça, ou resultado dos meus ovários policisticos tentando trabalhar. Mas o Adriano ia viajar e resolvemos tirar a duvida de vez. Às 5 da manhã (a Oli madrugou nesse dia) eu fiz xixi no palitinho e o resultado foi imediato: já tinha um bichinho crescendo em mim.

Depois que nasci mãe (porque mãe também nasce né) eu sempre fiquei pensando que para decidir o primeiro filho você precisa ser um romântico: ver propagandas de margarina e querer tudo aquilo, se imaginar levando a cria para a escola, empurrando a bicicleta... Quando você já sabe um pouco mais do mundo infantil (como era o meu caso), das duas uma: ou você sofre um “acidente” ou você quer mas fica na duvida até o ultimo momento. Sabe aquele medinho?
Para a decisão de ter o segundo filho eu também criei uma teoria: ou você tem um bom apoio (baba, família que mora perto e pode ajudar) e muito romantismo (as crianças correndo de mãos dadas pelo gramado, os irmãos brincando de cabaninha com o lençol no quarto...) ou você tem um momento de loucura.

Assim que o palitinho apontou positivo para o Emanuel, eu percebi que no meu caso foi uma mistura dos dois: queria que meus filhos tivessem a relação de irmãos, mas tinha ficado maluca pra resolver aquilo assim, daquele jeito, sem imaginar direito como ia ser!!
Como eu ia fazer? A Oli ainda mamava! Eu enjoava de manhã e ela queria mamar!!! Tirava ela do berço? Colocava dois berços no quarto? Agora que ela começava a entender que o dia nasce quando o sol sobe! Como iam ser as mamadas da madrugada? Será que era melhor colocar cada um em um quarto?

Eu acho que a relação da Oli com o Manu começou assim que me descobri grávida. Nós não contamos para ela, mas tenho certeza que ela sacou. De um dia para o outro a pequena criou uma relação de amor com a minha barriga. Queria tirar sonecas com a cabeça na minha barriga, brincava com o meu umbigo, brincava de assoprar... Não podia ir no supermercado e colocar ela naquele banquinho no carrinho que a brincadeira era levantar a camiseta da mamãe para mexer na barriga! E olha que eu não era a grávida que fica acariciando a barriga, não foi por estimulo ou exemplo meu ou do Adri. Era ela que percebia a força que tinha ali dentro.
Acho que percebia também que a mãe já não era só dela. Esperava eu melhorar dos enjôos para mamar! Enquanto o Adri viajava ela até colocava a mãozinha nas minhas costas enquanto eu passava mal (nem sempre dava tempo de coloca-la no berço ou distraída com alguma coisa para correr até o banheiro). Uma fofa!

Contamos a ela que tinha um bebe na minha barriga quando eu estava com uns 6/7 meses. A tia Nina deu uma vaquinha que tem um zíper na barriga, de onde sai um bezerrinho e a Oli vinha brincando bastante com eles. Um dia, no meio da brincadeira eu contei que na barriga da vaquinha tinha um bebe vaca e que na minha barriga também tinha um bebe. Ela me olhou desconfiada e a conversa parou por ai. Quando o Adri chegou em casa no fim do dia eu falei:
  • Oli, conta pro papai, o que é que tem na barriga da mamãe?
    E ela respondeu:
  • Um bebe!

E foi assim.

Ela ajudou a escolher o nome do Manu, que foi tão dificil. Ganhou uma cama nova e viu a mamãe ficar graaaande.

Hoje eu olho eles dois e me emociono constantemente. A Oli é uma querida com o Manu: beija, pergunta dele quando não o vê, cuida, quando ele dorme ela não fala baixo, ela sussurra. E ele? Ele segue ela com os olhos a todo instante, da risadinhas e se puder, agarra os cabelos com força!

Comecei esse post para me queixar, na verdade, porque eles dividem o quarto e porque a Oli agora acorda as 5 da manha todos os dias. TODOS OS DIAS! Antes dele! Mas retomando o começo dessa historia gostosa eu vejo que dentro de mim ainda vive mais do romantismo do que a loucura da escolha. Ufa!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Literatura para mães (e pais)


Ter filho é sentir o poder e a ignorância. Gravida da Oli fui a uma palestra da neurocientista Elvira Souza Lima e ela falava com encanto sobre como a formação de um feto é uma orquestra. Cada célula sabe o que deve fazer, o que deve se tornar. Realmente milagroso. E poderoso.
Mas ao mesmo tempo que aquele você gera uma vida, um dos (senão for O) atos mais poderosos, você não sabe. Não sabe como vai ser, como vai se virar, o que vai acontecer, quem você vai se tornar, quem é aquele ser... A gente simplesmente não sabe.
E vivemos na era da informação. Não saber é, no mínimo, aflitivo.
Então a gente (eu, pelo menos) busca. Busca livros, informações, técnicas, estilos de educar (depois quero falar disso também), e lê, conversa, discute, assiste, faz tudo pra tentar sentir que sabe, que está preparada.

Durante a gravidez eu li “Encantadora de Bebes resolve todos os seus problemas” de Tracy Hogg (ed. Manole) por indicação de uma amiga. Ela seguiu as dicas do livro e sua filha dormia 6 horas seguidas com 2 meses! Eu li, anotei, copiei, marquei páginas e me preparei. Já tinha claro que minha filha ia ter horários desde pequena, que eu ia me organizar, que não ia acostumar ela a dormir no colo, no peito, em movimento... ai ai. Dá até dó né?

A Oli nasceu e logo mostrou a que veio: cólicas mil, refluxo pesado, noites em claro e, claro, nenhuma rotina. E eu lutei, como lutei, pra tentar organizar, entender a lógica daquele ser que hora queria mamar de 3 em 3 horas, depois de 2 em 2...
Demorou pra eu me ligar que não existe rotina única para todos os bebês. E hoje parece tão óbvio! Como pode-se esperar que todos os bebes consigam entrar na mesma dinâmica de tempo, se cada ser é único?
Não digo que o livro não me ajudou. Ajudou sim. Graças a ele consegui identificar que o que fazia a Oli chorar tanto era refluxo, graças a ele que comecei a dar um peito até esvaziar e só depois oferecer o outro (na maternidade me disseram para dar 15 minutos um e 15 minutos o outro e não estava funcionando) e graças a essa leitura consegui visualizar (durante a gravidez) um pouco das mudanças que estavam por vir.

Quando ela tinha uns 4 meses li o “Nana Nene” de Eduard Sancho Estivill (ed. Martins Fontes) por indicação da mesma amiga que me indicou o “Encantadora”. Estava exausta e queria parar de ninar a Oli para dormir, queria que ela dormisse sozinha. Foi muito difícil decidir tentar a tecnica. Lia o livro e parecia claro, obvio e certeiro. Buscava na internet e lia relatos horrorosos, textos condenando o livro e motins contra o autor.
Acabamos por adaptar a técnica proposta para que conseguíssemos acostumar a Oli (mas foi bem sofrido a principio). Ainda assim a técnica do livro em ensinou a ouvir o choro do bebe (apesar de não estar escrito isso em nenhum lugar ali). Foi só deixando ela chorar que eu aprendi a identificar quando ela realmente estava precisando de um colo e quando ela podia passar sem eu me meter. Descobri que para dormir sozinha ela se ninava “cantando”, o que pra mim antes era um choro.

Depois que o Manu nasceu li o “Crianças Francesas não Fazem Manha” da Pamela Druckerman (ed. Fontanar) – como já comentei aqui – e a autora fala que os franceses fazem uma “pausa” antes de atender aos bebês. Lendo isso me dei conta que foi um pouco do que fizemos ao adaptar o “Nana Nene”. Às vezes só de esperar a Oli já voltava a dormir. O que parecia um choro (a principio) muitas vezes era uma reclamaçãozinha e ela voltava a dormir.
Me dei conta de que não estava fazendo isso com o Manu e aos poucos tenho tentado esperar para atender a seus chamados (ele divide quarto com a Oli, o que dificulta esse movimento), mas acho que isso tem ajudado o pequeno a pegar no sono sem precisarmos resgatar ele do berço todas as vezes que acorda (de madrugada o papo já é outro...).
Sinto que, com todas essas possibilidades de fontes de informação, pesquisas, para não mencionar os palpiteiros de plantão, muitas vezes nós esquecemos de parar e ouvir. Ouvir o bebe e ao nosso instinto, e por isso muitas vezes nos atropelam os na ânsia de fazer o certo.
Por isso, cada vez mais, tenho tentado filtrar essas diferentes opiniões que nos atingem atraves de livros, sites, revistas, amigos, blog (como eu no caso) que pretendem ajudar e acabam confundindo. Desse jeito dá pra tentar pegar o que se adequa a você e ao seu pequeno/a.

E você? Que livros(s) leu que te ajudaram a enfrentar a “batalha” que é educar?

terça-feira, 7 de maio de 2013

Aprender a esperar


Quando a Oli era pequena, com 1 ano e pouco, fomos almoçar com alguns amigos. Me preparei levando brinquedos, livro e um gibi, pois sabia que esses almoços costumam demorar.

Chegamos ao restaurante e a bichinha sentou feliz no cadeirão e logo começou a se esbaldar com o couvert e o suco (almoços com amigos nunca são na hora exata da refeição da criança e ela já estava varada de fome). Fizemos os pedidos e continuamos batendo papo enquanto ela ganhava um pedacinho de pão com manteiga, “experimenta esse filha, é com cenoura”, e assim em diante. Passado um tempinho resolvi que era uma boa ideia diminuir a quantidade de pão que ela estava ganhando para que ela almoçasse pelo menos um pouco do que havíamos pedido. Saquei os brinquedos da bolsa e ela se distraiu.

A comida chegou, começamos a comer e, depois de 3 garfadas a Oli estava satisfeita. Como ela estava ao meu lado eu ia distraindo ela com os brinquedos, apontando coisas no restaurante e “puxando” assuntos variados.

Quem já comeu assim sabe, é um saco. Você come sem perceber o que come, a comida esfria, você quer que aquele almoço termine logo antes da pequena despirocar e resolver que legal mesmo é ir pro chão, que a cadeira “tá dura” ou que ela só quer ir lá fora “só um pouquinho”.

Qual não foi a minha surpresa quando surge um celular com uma galinha pintadinha na tela cantando e alegrando a minha pequena terrorista. Terminamos o almoço tranquilamente.


Observando as mesas em volta me surpreendi com a quantidade de tablets em uso. Em uma mesa com dois casais as mulheres mexiam em seus aparelhos, e de vez em quando comentavam entre si algo que liam/viam.

Em outra mesa um casal com um bebê comia tranquilamente enquanto o pequeno assistia a um filme sentado no seu carrinho. Em outra, com uma grande família, uma criança de 5/6 anos brincava com algum joguinho no tablet em silencio. Só se manifestava quando perdia e nesses momentos era contida pelos pais, que ameaçavam tirar o aparelho caso ele continuasse a ficar tão bravo quando perdesse.

É obvio que o uso dos tablet e celulares é uma super mão na roda para os pais, mas ainda assim fiquei pensando no que essas crianças estavam aprendendo durante aqueles almoços em família.

Dia desses li “Crianças francesas não fazem manha” (de Pamela Druckerman, ed. Fontanar) e no livro a autora fala sobre a capacidade das crianças de esperarem.

Para abordar esse tema ela entrevistou Walter Mischel, responsável pelo teste do marshmallow no final dos anos 60 (o teste consiste em deixar uma criança sozinha em uma sala com um marshmallow e explicar a ela que aquele marshmallow é dela, mas que se ela esperar alguns minutos, até que o adulto volte sem comer o doce, ela ganhará mais um – na net tem videos incrivelmente engraçados com esse teste refeito). No livro Walter conta a Pamela que reparou que as crianças que conseguiam esperar os 15 minutos para então serem gratificadas com mais um marshmallow eram crianças capazes de se distrair com alguma coisa:



“As crianças que conseguem esperar facilmente são as que aprendem durante a espera a cantar uma musica para si mesmos, ou a mexer nas orelhas de um jeito interessante, ou a brincar com os dedos dos pés e transformar isso em um jogo” (Crianças Francesas não fazem manha, pag. 72).



Não conheço o trabalho do sr. Mischel, mas essa colocação dele me parece de uma lógica inegável. Quantas vezes não estamos na fila do banco, na sala de espera do médico ou coisa parecida e acabamos inventando maneiras de passar o tempo? Eu conheço gente que conta quadros, madeiras no piso, conheço gente que batuca, gente que inventa histórias para as pessoas à sua volta, que canta e até quem fala sozinho. O fato é que atualmente vemos mais pessoas olhando para a tela de um celular do que observando a sua volta e isso me parece uma perda em muitos momentos. Será que em prol do nosso conforto não estamos privando os nossos filhos de aprenderem a se entreter sem a ajuda de artifícios?



Aqui em casa usamos sim o iphone em alguns momentos com a pequena. Quando ela acorda às 6 da manhã e ainda estamos vesgos de sono é uma ótima maneira de esticar a preguicinha na cama com ela ao nosso lado. Selecionamos uns clipes legais, como Palavra Cantada, e ganhamos uns minutos. As vezes só de ficar olhando as fotos e videos que fazemos deles ela já se distrai.

Acho que pode ser uma boa ferramenta para momentos de apuro. Acredito, apenas, que o grande problema é quando a relação com a tela supera a humana.



E você? Ensina a esperar? Como você regula o uso dessas “feitiçarias modernas” (com você e filhos)?

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O sono


Sabe como reconhecer uma mãe que sofre com a falta de sono (isso caso esteja muito escuro e não dê para ver as olheiras)? Assim que ela encontra outra mãe ou pai com um filho da idade próxima ao do seu seu ela pergunta: E de noite? Ele dorme?

Eu sei porque já fui essa mãe. Perguntava na ânsia de poder trocar figurinhas, pegar dicas e principalmente ouvir: “ Ah, é assim mesmo, até tantos meses é normal.” ou melhor: “Fica tranquila que eu GARANTO, semana que vem ela dorme a noite toda”. Claro que nunca ninguém disse isso.

Muito pelo contrario, encontrava mães realizadas:
- Ah, a Fulaninha dorme 8 horas seguidas desde os 2 meses. É ótimo! E ela ainda acorda e fica brincando no berço até eu acordar!
Eu ficava ali, olhando para aquela pele de alabastro de quem tem o soninho da beleza todas as noites e tentava disfarçar a inveja:
- Nossa, que incrivel! Que bom pra você... Vou levar ela lá pra casa pra ensinar a Oli que dormir é bom assim.
 
E tentava descobrir o segredo. Aposto que a Fulaninha não dorme de dia... Era o leite? Não devia só mamar no peito... Mas a mãe de pele reluzente garantia que não, a pequena dormia de dia que era uma beleza, até dava tempo dela ir fazer yoga, a unha, tirar uma soneca e só mamava no peito...

Chegou uma hora que parei de perguntar. Sou uma pessoa tranquila, mas era melhor não ouvir esses detalhes sórdidos de noites bem dormidas. Perigava de eu começar a ligar de madrugada na casa da Bela Adormecida toda vez que o meu anjinho acordasse de noite, só pra ouvir o “Alô” bêbado de sono e desligar com um sorriso de prazer...

Logo que nossos amigos que ja eram pais souberam que eu estava gravida da Oli a piada era sempre a mesma: "O que vocês tão fazendo acordados? Vai dormir, pq depois...", ou: "Ta dormindo bem? Aproveita, pq depois...".
Frente a essas piadas a gente sorria amarelo e encerrava o assunto. Ê mania chata desse povo de ficar urucando!

Depois de ter a Oli eu entendi.
A falta de sono atordoa, frustra. O dia não funciona e quando chega a noite você não vê a hora de acabar porque é uma tortura ver aquela noite escura, saber que todos dormem e que você continua ali, batendo ponto.

Durante a gravidez eu li alguns livros que pretendem preparar a mãe para o que está por vir. Li o “Encantadora de Bebes” e o “Nana Nene”, alem de acessar sites com dicas e discussões entre mães sobre como e o que fazer. Mas a verdade é que quando o seu pacotinho chega, ele já é um ser com preferências e um jeitinho todo dele, e a gente tenta se virar (sem saber bem como), por isso as dicas que pretendem ajudar muitas vezes atrapalham.

Nos primeiros meses da Oli troquei uma série de e-mails com amigas que passavam pelas mesmas aflições e vi que cada uma “lutava” com as armas que tinham: eu ninava, pulava na bola de pilates (ela amava) e ficava exausta, uma dormia com a pequena ao seu lado na cama, dava de mamar dormindo e assim acordava mais bem disposta. A outra deixava o pequeno em um moisés ao lado da cama e a terceira (cuja filha já era mais velha) contou que aplicou a técnica do livro “Nana Nene” e que a filha aos 4 meses já adormecia sozinha, apenas na companhia de um paninho. Com essa declaração nasce outra discussão: Deixar chorar?

Aqui em casa foi a solução. Adaptamos o “Nana Nene” e aos poucos a Oli entendeu que o berço era um lugar bem gostoso. Com 1 ano e 5 meses ela foi para um colchão no chão e desde então a hora de dormir é uma delicia. No começo deixamos ela acordada e assim que saímos do quarto ela aproveita para acender o abajour e explorar todas as prateleiras, brincar com os bichinhos, folhear livros. Eventualmente ela acabava dormindo e então apagávamos a luz que ela deixara acesa.
Hoje ao sairmos do quarto ela acende a luz, folheia um livro, apaga o abajour e dorme – parece mentira e eu estou me gabando como aquela mãe da pele linda.

Já o Manu acho que não vamos precisar deixar chorar. Com a correria do fim do dia acabo deixando ele no berço enquanto dou banho na Oli e muitas vezes ao voltar ele já adormeceu (de novo, acho q to me gabando). Cada vez mais me convenço que o sono deles está diretamente ligado ao meu estado de espírito e ao meu nível de ansiedade, por isso dizem que segundo filho é mais tranquilo. Algumas noites ele dá mais trabalho, acorda diversas vezes até embarcar de vez e aí só o colo salva, mas tudo bem, agora eu sei que a gente chega lá (inclusive nas sonhadas noites ininterruptas – ele ainda mama uma ou duas vezes por noite).
E você? Está sem dormir? Deixa/ou chorar?
Qual a sua estratégia para uma boa noite de sono (ou pelo menos a tentativa)?

domingo, 5 de maio de 2013

O começo


     Acho que comecei a pensar em escrever um blog quando a Oli nasceu (em fevereiro de 2011). A enxurrada de emoções, aprendizagens, frustrações (principalmente) que a maternidade traz me compelia a escrever.
     Logo depois da primeira noite dela em casa eu já tinha um pequeno texto que enviei às amigas mais próximas.
     Escrevi muito em seu primeiro ano. Alguns textos eu compartilhava com amigos e parentes e outros eu guardava para mostrar a ela daqui a alguns anos.
     Com o tempo as ansiedades da maternidade acalmaram e eu não sentia mais tanta necessidade de extravasar esses sentimentos.
     O Manu veio (em novembro de 2012) e eu agora não escrevia mais por não ter tempo, mas a vontade de compartilhar e aprofundar as minhas reflexões sobre educação e os desafios que os pais enfrentam não passou, muito pelo contrario, cresceu.
     Hoje eu venço (ou pelo menos luto contra) a minha timidez e me abro para a possibilidade de compartilhar as culpas, alegria e duvidas que esses seres incríveis trazem em seus pacotinhos quando chegam em nossas casas.
     Bem vindo/a, achegue-se, tira o sapato que a casa é nossa.